INTERNACIONAL

Trump fecha portas dos Estados Unidos aos europeus e pandemia segue avançando

Os europeus não poderão entrar nos Estados Unidos durante pelo menos um mês a partir de sexta-feira, uma medida surpreendente decretada por Donald Trump que afundou as Bolsas e provocou críticas no Velho Continente, onde o número de mortes provocadas pelo novo coronavírus se aproxima de 1

AFP
12/03/2020 às 10:50.
Atualizado em 07/04/2022 às 00:36

Os europeus não poderão entrar nos Estados Unidos durante pelo menos um mês a partir de sexta-feira, uma medida surpreendente decretada por Donald Trump que afundou as Bolsas e provocou críticas no Velho Continente, onde o número de mortes provocadas pelo novo coronavírus se aproxima de 1.000 e continua avançando, sobretudo na Itália, Espanha e França.

"Decidi adotar medidas fortes mas necessárias para proteger a saúde e o bem-estar de todos os americanos", disse Trump, em um discurso solene e por alguns momentos confuso no Salão Oval da Casa Branca.

"Para evitar que entrem novos casos no nosso país, suspenderei todas as viagens da Europa aos Estados Unidos durante os próximos 30 dias", completou, antes de lamentar que a União Europeia "não tenha adotado as mesmas precauções".

A medida não será aplicada aos voos procedentes do Reino Unido, mas sim a todas as pessoas que estiveram durante os 14 dias prévios à chegada aos EUA em qualquer país do espaço Schengen, exceto para americanos e residentes permanentes.

Em um fato sem precedentes, o Departamento de Estado recomendou aos americanos que evitem qualquer viagem ao exterior.

A decisão teve efeito imediato nos mercados. As Bolsas de Londres, Paris, Frankfurt e Madri iniciaram a quinta-feira com perdas superiores a 5%. Desde o início do ano, os mercados registraram baixas de 25% e a tendência deve prosseguir a curto e médio prazo, segundo analistas.

Na Ásia, as Bolsas também fecharam em baixa expressiva, superiores a 4%. O preço do barril de petróleo recuava 5%.

A União Europeia (UE) demonstrou irritação com a decisão de Trump.

"A UE desaprova o fato de que (...) a proibição de viajar tenha sido adotada unilateralmente e sem consulta", diz uma declaração da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e de seu colega do Conselho Europeu, Charles Michel.

As autoridades europeias indicaram que a UE "está adotando medidas enérgicas para limitar a propagação do vírus" e "uma crise mundial não limitada a nenhum continente que requer cooperação ao invés de uma ação unilateral".

Durante seu discurso de 10 minutos, Trump definiu o COVID-19 como um "vírus estrangeiro. Há alguns dias, o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, foi criticado ao citar o "vírus de Wuhan", cidade chinesa em que a epidemia foi detectada no fim de dezembro.

Nesta quinta-feira, o número de pessoas infectadas com COVID-19 no mundo alcançou 125.293, com 4.600 vítimas fatais, em 115 países e territórios, de acordo com um balanço da AFP com base em fontes oficiais.

Apesar da magnitude, a pandemia "é controlável", afirmou nesta quinta-feira o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"Mas precisamos de maior vigilância para identificar, isolar, diagnosticar e tratar cada caso e romper a cadeia de transmissão", completou, antes de reconhecer sua preocupação porque "alguns países não estão enfrentando a ameaça com o compromisso político necessário".

Na Itália, os 60 milhões de habitantes permanecem isolados do mundo. Na quarta-feira, o governo decretou o fechamento de todos os estabelecimentos comerciais, exceto supermercados e farmácias. O país registrou 12.000 casos e 827 mortes.

Roma virou uma cidade fantasma, silenciosa, um contraste com suas ruas habitualmente barulhentas e lotadas de turistas.

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