O Vaticano expressou sua preocupação "concreta" com os deslocados pela mudança climática e pediu medidas para proteger milhões de pessoas forçadas a fugir porque suas casas deixaram de ser habitáveis
O Vaticano expressou sua preocupação "concreta" com os deslocados pela mudança climática e pediu medidas para proteger milhões de pessoas forçadas a fugir porque suas casas deixaram de ser habitáveis.
Em documento divulgado nesta terça-feira (30), intitulado "Orientações Pastorais sobre Pessoas Deslocadas pelo Clima", com prefácio do papa Francisco, o fenômeno é analisado e são dadas indicações às Conferências Episcopais, Congregações e Organizações Católicas para ajudar os deslocados pelas mudanças climáticas.
"A deterioração do clima é muitas vezes resultado de decisões erradas e atividades destrutivas, de egoísmo e negligência, que colocam a humanidade em conflito com a criação, nossa Casa Comum", adverte o papa Francisco no prefácio.
Esta não é a primeira vez que o líder da Igreja Católica denuncia os perigos das mudanças climáticas.
O papa Francisco, que vinculou a pobreza à destruição do meio ambiente em sua encíclica "Laudato Si", fez da defesa do meio ambiente uma das prioridades de seu pontificado e se manifestou em várias ocasiões contra o aquecimento global, considerado uma ameaça ao planeta e seus habitantes.
O documento quer, antes de tudo, ser um "roteiro" para enfrentar o fenômeno, que atinge milhões de pessoas em todos os continentes.
"Estamos no meio da crise climática, ela está se acelerando rapidamente" e "causa imenso sofrimento a milhões de nossos irmãos e irmãs em todo o mundo", denuncia a Igreja.
"São as comunidades mais pobres e vulneráveis do mundo as mais desproporcionalmente afetadas pelas crises ecológica e climática", ressalta.
Milhões de pessoas tiveram que deixar suas casas, campos e costas devido às duras condições climáticas, lembra o Vaticano.
Segundo dados do Núcleo de Monitoramento do Deslocamento Interno, citados pelo documento, os desastres naturais causaram o deslocamento em 2019 de 24,9 milhões de pessoas de 140 países e territórios.
Um número preocupante, que triplica o número de deslocados pela violência.
O papa e o Vaticano, portanto, convidam "a tomar consciência da indiferença da sociedade e dos governos diante desta tragédia". Isso requer promover o diálogo com governos e líderes políticos e acolher os deslocados.
O arcebispo de Beira, em Moçambique, Claudio Dalla Zuanna, que participou de seu país falou com a imprensa, descreveu a destruição provocada por uma série de ciclones nos últimos dois anos.
O ciclone Idai, em 2019, destruiu 90% dos edifícios de Beira e causou inundações devastadoras que obrigaram centenas de milhares de pessoas a fugir.