INTERNACIONAL

Vaticano reitera que nunca se pronunciou sobre exumação do ditador Franco

O Vaticano reiterou, nesta terça-feira (21), que "nunca se pronunciou sobre a exumação" do ditador espanhol Francisco Franco e precisou que "exortou o diálogo entre a família e o governo" sobre o assunto

AFP
21/07/2020 às 13:27.
Atualizado em 25/03/2022 às 19:02

O Vaticano reiterou, nesta terça-feira (21), que "nunca se pronunciou sobre a exumação" do ditador espanhol Francisco Franco e precisou que "exortou o diálogo entre a família e o governo" sobre o assunto.

O comunicado da Santa Sé foi divulgado após uma entrevista concedida em 8 de julho pelo presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, ao jornal italiano Corriere della Sera.

Naquela ocasião, Sánchez garantiu que o papa Francisco "o ajudou" na transferência dos restos mortais de Franco.

Quarenta e quatro anos após sua morte, o ditador Francisco Franco foi exumado em 24 de outubro de 2019 de seu monumental mausoléu perto de Madri para ser enterrado novamente em um cemitério discreto, uma operação que gerou debate político e reviveu velhas feridas na Espanha.

"Especifica-se que a Santa Sé, sobre a exumação de Francisco Franco, reiterou repetidamente seu respeito à legalidade e às decisões das autoridades governamentais e judiciais competentes", diz a nota do Vaticano.

"Pediu um diálogo entre a família e o governo e nunca se pronunciou sobre a oportunidade da exumação ou o local de sepultura, porque não é da sua competência", afirma o comunicado oficial.

Questionado pelo jornalista sobre as complexas relações entre a Igreja Católica e os socialistas espanhóis, Pedro Sánchez elogiou o pontífice argentino.

"Ele é um papa carismático", disse.

"E lhe digo uma coisa: no caso do corpo de Franco, ele me ajudou", acrescentou Sánchez.

Segundo o presidente do governo espanhol, o pontífice desempenhou um papel importante junto a comunidade beneditina.

"No Vale dos Caídos havia uma comunidade de beneditinos muito contrária à exumação. Pedi a intervenção do Vaticano. E tudo foi resolvido", disse ele ao Corriere della Sera.

Sánchez não esclareceu a natureza da intervenção do papa para alcançar a exumação.

O líder socialista fez da transferência do corpo de Franco uma de suas prioridades quando chegou ao poder em junho de 2018, mas a medida foi adiada pela batalha judicial iniciada pelos sete netos do ditador.

"Um ditador não merece um mausoléu e suas vítimas não podem descansar ao seu lado. Agi legalmente, aplicando a Lei da Memória Histórica de Zapatero, e com um amplo consenso popular", disse Sánchez ao jornal italiano.

Por sua vez, o Vaticano sempre defendeu que a decisão de exumar o ditador dizia respeito "à família, ao governo espanhol e à igreja local".

kv/mb/mr

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