INTERNACIONAL

Vendas de catálogos de Bob Dylan, Neil Young e Fleetwood Mac: pandemia impulsiona a edição musical

A pandemia desferiu um golpe devastador na indústria do entretenimento, mas o negócio da edição de obras musicais, até recentemente discreto, está ganhando novo impulso graças ao furor de vendas de catálogos de grandes artistas

AFP
18/01/2021 às 20:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 20:57

A pandemia desferiu um golpe devastador na indústria do entretenimento, mas o negócio da edição de obras musicais, até recentemente discreto, está ganhando novo impulso graças ao furor de vendas de catálogos de grandes artistas.

Ter os direitos das discografias, permitindo receber royalties por cada uso de uma música, seja um download, uma cena de filme ou um anúncio, pode ser muito lucrativo a longo prazo.

Os investidores perceberam a oportunidade e estão cada vez mais interessados nesse filão da indústria musical, cujas receitas despencaram com a crise da saúde.

Alguns acordos recentes alcançaram cifras recordes, embora não tenham sido oficialmente confirmados: Bob Dylan vendeu seu acervo inteiro para a Universal Music Publishing por cerca de 300 milhões de dólares, enquanto Stevie Nicks teria obtido 100 milhões por sua participação majoritária no catálogo da banda Fleetwood Mac.

O cantor canadense-americano Neil Young, Shakira e a dupla de Blondie também assinaram acordos por valores que não foram divulgados.

Lindsey Buckingham e Mick Fleetwood, os outros membros do Fleetwood Mac, também anunciaram suas vendas, incluindo as dos direitos de "Dreams", a música de 1977 que ressurgiu e agora faz sucesso no TikTok.

O aumento "fantástico" dos preços dos catálogos musicais começou antes de 2020, mas disparou com a pandemia, explica Nari Matsuura, sócia da Massarsky Consulting, empresa especializada em avaliação de catálogos.

O interesse dos investidores nesse mercado, acrescenta Matsuura, também foi sustentado pelo aumento das receitas do streaming, que parecem estáveis no longo prazo, têm baixas taxas de juros e projeções de ganhos confiáveis para artistas que resistem bem à prova do tempo.

Sem turnês e apresentações desde o início da pandemia de covid-19, os músicos agora buscam monetizar suas discografias, cujo valor continua aumentando. "Vemos nomes, artistas icônicos [...] que nunca imaginamos que venderiam", diz Matsuura.

Alguns decidem vender para aproveitar os altos lucros atuais. Outros também podem ser motivados por um possível aumento iminente dos impostos nos Estados Unidos com a chegada ao poder de Joe Biden.

Para David Crosby, cantor e compositor estrela dos Byrds e cofundador da Crosby, Stills & Nash, que anunciou a venda de seu catálogo em dezembro, a pandemia é a maior responsável, ao privar os artistas de sua fonte de renda primária: os shows.

"A principal razão é simplesmente que estamos todos em uma aposentadoria forçada e não há nada que possamos fazer a respeito", declarou ele à AFP em uma entrevista por videochamada de sua casa na Califórnia.

"Eu não teria vendido se não tivesse sido obrigado", acrescentou, lamentando a política das plataformas de streaming, que em sua opinião pagam migalhas para a maioria dos músicos, exceto para os grandes nomes do momento.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por