INTERNACIONAL

Vida 'quase normal' na África após covid-19, mas não em todas as partes

"O dia a dia está quase normal, mas não vamos recuperar a vida de antes", diz Petunia Maseko em um bar em Soweto, na África do Sul, em um continente que acorda aos poucos após a paralisia causada pela pandemia da covid-19

AFP
29/09/2020 às 10:15.
Atualizado em 24/03/2022 às 11:28

"O dia a dia está quase normal, mas não vamos recuperar a vida de antes", diz Petunia Maseko em um bar em Soweto, na África do Sul, em um continente que acorda aos poucos após a paralisia causada pela pandemia da covid-19.

"Era difícil ficar sem vida social", acrescenta a jovem, vestida com o tradicional traje Ndebele, muito colorido. "É importante desestressar", explica a estudante de 21 anos.

No Black and White Lifestyle Pub, a alegria é palpável neste primeiro fim de semana de primavera (austral), que coincide com a passagem para o nível 1 de confinamento, o menor em seis meses na África do Sul.

Na entrada, a temperatura dos clientes, que usam máscara, é controlada.

Com álcool em gel nas mãos, o DJ Tiisetso Tenyane toca "de novo para pessoas". Após as sessões por videochamada, tocar ao vivo "é realmente ótimo".

"Uso máscara quando saio de casa, mas esse é o único sinal característico da pandemia", enfatiza Petúnia.

No restante do continente, a situação varia de acordo com a região. Em algumas, o cotidiano é marcado pela aplicação estrita de medidas sanitárias e, em outros, reina o relaxamento total.

"É a mesma coisa com, ou sem, corona". A frase é do presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, que pensava estar fora do alcance dos microfones, antes de abraçar um membro de seu partido na frente de milhares de pessoas em agosto, ignorando o distanciamento e segurança.

Na Costa do Marfim, embora a máscara seja obrigatória em locais fechados, "isso não é respeitado em lugar nenhum, ou quase", diz um trabalhador do setor da saúde, que pediu anonimato. "A psicose passou, e o Estado não fala muito sobre o assunto", acrescenta.

Em Kinsasha (República Democrática do Congo), no distrito comercial de Gombe, a medição da temperatura e a lavagem das mãos estão na ordem do dia. Em outras áreas e municípios, porém, o descumprimento das medidas é generalizado: máscaras são vistas mais no queixo do que cobrindo a boca, e as pessoas continuam apertando as mãos para se cumprimentarem.

Em Burkina Faso, país mergulhado em uma grave crise humanitária e de segurança, Usman Uedraogo, um peixeiro de 43 anos, acredita que "não podemos usar a máscara para sempre".

"Tínhamos tentado colocá-la todos os dias, mas são as autoridades que dão o exemplo, fingindo que a doença já passou. Então, retomamos nossos hábitos", reconhece.

Na cafeteria-restaurante de Guillaume Traoré, "ninguém usa mais" a pia colocada na entrada do estabelecimento para que os clientes lavem as mãos ao chegar.

"Quando você chama a atenção de um cliente, ele responde que o coronavírus não existe, ou que ele não tem", relata.

No Chade, como no Gabão, a máscara é geralmente usada baixa, cobrindo apenas a boca, ou o queixo, para poder subir, caso haja um policial à vista. Nas igrejas, mesquitas e mercados, as pessoas se esbarram e se cumprimentam, tocando-se. À noite, no entanto, o toque de recolher continua em vigor.

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