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'Vieram para matar', contam sobreviventes de massacre no Níger

"Olhe para o meu corpo, recebi tantas balas que não sei exatamente quantas. As pessoas pensaram que eu estava morto, fiquei imóvel" até o fim do ataque - conta Nouhou Issoufou, um dos sobreviventes de um massacre de civis cometido por extremistas islâmicos no Níger

AFP
11/01/2021 às 11:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 22:51

"Olhe para o meu corpo, recebi tantas balas que não sei exatamente quantas. As pessoas pensaram que eu estava morto, fiquei imóvel" até o fim do ataque - conta Nouhou Issoufou, um dos sobreviventes de um massacre de civis cometido por extremistas islâmicos no Níger.

Ao todo, 105 civis foram assassinados em 2 de janeiro em Tchuma Bangu e em Zarumadareye, no oeste do Níger, uma região onde ataques islâmicos ocorrem com frequência, mas nunca antes em tamanha escala.

Ainda em estado de choque, moradores, que se refugiaram em Ouallam, capital do departamento do qual dependem as duas aldeias, contam o que aconteceu naquele dia fatídico.

Zarumadareye fica em uma região onde o grupo Estado Islâmico do Grande Saara (EIGS, filiado ao EI) está profundamente enraizado, na área conhecida como as "três fronteiras" - entre Mali, Burkina Faso e Níger.

Nesta vasta região rural pastoril, as comunidades vivem entre um país e outro, fora do alcance da autoridade do Estado central.

Às 9h, Nuhu Issufu e outros moradores de Zarumadareye ouviram ruídos de motor distantes.

"Saímos de dentro de casa, vimos as motos, eram muitas", explica o jovem, deitado sobre uma esteira no hospital de Ouallam. Ele levanta a camisa para mostrar os curativos.

"Não deu tempo de entrar em casa, eles atiraram em nós", relata.

As rajadas se sucederam, enquanto os habitantes corriam. Nuhu correu para a vegetação rasteira e ficou lá. Várias balas o atingiram na omoplata e no braço.

Em sua maioria, os ataques jihadistas no Sahel são relâmpago, sejam eles dirigidos contra civis, sejam contra acampamentos militares em Burkina Faso, no Níger, ou em Mali. Normalmente, há dois combatentes em cada motocicleta.

Os grupos jihadistas se reagruparam pouco antes dos ataques e imediatamente se dispersaram em diferentes direções depois do crime.

Andar de motocicleta é proibido há meses na área, na tentativa de impedir tal estratégia.

Trinta e três pessoas morreram em Zarumadareye no sábado.

"Até pessoas da minha família, muitos primos. Quem atirou em mim é um peul (também conhecido como fulani), então ele atacou meu amigo e cortou sua garganta com uma faca".

A nove quilômetros de distância, a barbárie também atingiu a aldeia de Tchuma Bangu.

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