INTERNACIONAL

'Você mudou o mundo', diz ativista em homenagem a Floyd nos EUA

Centenas de pessoas se despediram na quinta-feira (4) de George Floyd, um cidadão negro, cuja morte por um policial branco que o imobilizou pressionando o joelho sobre seu pescoço desencadeou um movimento de protesto que não se via há décadas nos Estados Unidos

AFP
05/06/2020 às 09:16.
Atualizado em 27/03/2022 às 21:32

Centenas de pessoas se despediram na quinta-feira (4) de George Floyd, um cidadão negro, cuja morte por um policial branco que o imobilizou pressionando o joelho sobre seu pescoço desencadeou um movimento de protesto que não se via há décadas nos Estados Unidos.

A cerimônia teve um tom intimista, mas com forte carga política.

Manifestações, no geral pacíficas e silenciosas, voltaram a ocorrer em todo país ontem, com pedidos de justiça e pelo fim das discriminações raciais.

Milhares de pessoas de diferentes origens protestaram nas ruas de Nova York, além de Washington, Seattle e Los Angeles. Nestas três últimas, o toque de recolher foi suspenso.

A indignação também continuou a se espalhar para fora dos Estados Unidos. Em Viena, uma marcha reuniu cerca de 50.000 pessoas, segundo a polícia, uma das mobilizações com maior público nos últimos anos na capital austríaca.

O reverendo e veterano ativista pelos direitos civis Al Sharpton foi encarregado do discurso fúnebre. Nele, afirmou que Floyd "não morreu de uma doença comum, mas sim do mau funcionamento da justiça criminal dos Estados Unidos".

"O que aconteceu com Floyd acontece todos os dias neste país", ressaltou Sharpton. "É momento de nos colocarmos de pé e, em nome de George, dizermos: tire esse joelho do meu pescoço", acrescentou, sob aplausos.

"Você mudou o mundo, George", disse o pastor batista depois da exibição de imagens da morte de Floyd, que deflagrou uma indignação inédita desde o assassinato do ativista negro Martin Luther King Jr., em 1968.

"Vamos continuar até mudarmos todo sistema de justiça", afirmou Al Sharpton.

Acompanhada de música e fortemente marcada pelas restrições para conter a disseminação da COVID-19, a cerimônia misturou testemunhos íntimos da família, com a presença de personalidades como o reverendo Jesse Jackson, a senadora democrata por Minnesota Amy Klobuchar, e o prefeito de Minneapolis, Jacob Frey.

O caixão dourado com o corpo de Floyd foi colocado à frente de uma projeção. As imagens mostravam um mural pintado no local onde ele morreu e que foi transformado em um memorial improvisado com flores e mensagens.

O advogado da família, Ben Crump, prometeu "justiça" no caso, no qual são processados quatro policiais.

Crump afirmou que Floyd morreu pela "pandemia do racismo e da discriminação", depois que a necropsia confirmou morte por asfixia e revelou que ele tinha se infectado com o novo coronavírus.

A maioria dos presentes usava máscaras, algumas com a frase "Não consigo respirar" - uma referência às últimas palavras proferidas por Floyd, quando o policial branco Derek Chauvin o imobilizou, pressionando o joelho contra seu pescoço por 8 minutos e 46 segundos.

Em um momento da cerimônia, os presentes fizeram silêncio durante o mesmo intervalo de tempo e quando o corpo de Floyd chegou ao local, o chefe de polícia de Minneapolis, Medaria Arradondo, apoiou um dos joelhos no chão, em sinal de respeito.

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